A barreira cutânea é um verdadeiro escudo protetor do nosso organismo. Isso porque ela é a camada mais externa – e exposta – do corpo, localizada sobre a epiderme. Além da sua função protetora, também impede a perda de água, preservando a hidratação e saúde da pele. Por isso, mantê-la íntegra é mais do que fundamental. Quer saber tudo sobre o assunto? Continue a leitura!
O que é, e do que é composta?
Entender a importância e fisiologia da barreira de proteção da pele é a primeira etapa para preservá-la. Conhecida também como manto hidrolipídico, ela é a camada mais externa, responsável pelos mecanismos de defesa.
A médica dermatologista Ana Carolina Peters Nogueira, parceira da Creamy, explica que a barreira cutânea é composta por células agrupadas em camadas e algumas substâncias lipídicas e protéicas que atuam em conjunto, protegendo nosso corpo das agressões. “Esse conjunto evita a perda transepidérmica de água através da pele e também impede a ação de bactérias e fungos”, revela.
“As células da epiderme são agrupadas em 5 camadas, cada uma delas exercendo funções específicas”. Da parte mais interna para a mais externa temos:
Camada basal
É a mais interna e produz células, como os queratinócitos, para as camadas superiores, além de conter melanócitos, que são células que protegem da radiação UV e dão o tom da pele.
Camada espinhosa
Tem pontes de conexão e aderência entre as células, além de auxiliar na produção de queratina (fibras de proteína).
Camada granulosa
Aqui começa a chamada queratinização da pele. Produz grânulos consistentes que se transformam em queratina e lipídeos, inclusive ceramidas.
Camada lúcida
É onde ocorre o desprendimento dos queratinócitos e renovação da epiderme. Aqui, já não é possível distinguir as células.
Camada córnea
Chegamos à camada mais externa da epiderme. É formada por subcamadas de células mortas, com muita queratina, que se ligam através de proteínas e lipídios epidérmicos, protegendo a pele.
Logo acima da epiderme, está a barreira cutânea, composta por células da camada córnea, gorduras e aminoácidos. A dermatologista Ana Carolina conta que “com a idade, essa barreira modifica-se – tende a ficar com a epiderme mais fina, produzindo menos substâncias protetoras, o que pode gerar mais desidratação e irritações”.
Funções da barreira da pele
A função principal da barreira da pele é evitar a perda de água através da pele, o que auxilia na manutenção da nossa hidratação e temperatura corporal. “Além disso, ela evita que agressores externos causem infecções e irritações, mantendo o pH levemente ácido, com substâncias como ceramidas, ácido linoleico, ésteres de colesterol, ácidos graxos, entre outros”, complementa a Dra. Ana Carolina.
“Isso colabora para o equilíbrio dos microorganismos que estão no microbioma da pele. Essa composição altera-se ao longo da vida e de acordo com algumas doenças”.
Fatores que danificam a barreira cutânea
O prejuízo à barreira cutânea ocorre por vários fatores, intrínsecos ou extrínsecos. A dermatologista especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Manuela Panteliades, explica que o clima e alguns hábitos diários podem facilmente danificar o manto hidrolipídico.
“Os fatores ambientais incluem frio e calor excessivos, bem como o baixo índice de umidade no ar. O uso exagerado de buchas, álcool em gel e cosméticos de limpeza; exposição solar sem proteção e banhos quentes e demorados são práticas que devem ser evitadas”, conta.
A dermatologista continua dizendo que “tais hábitos removem o componente lipídico da pele retirando parte da camada protetora, o que pode predispor sintomas como coceira, vermelhidão, feridas, queimaduras e até quadros inflamatórios – como as dermatites – e infecciosos – como as piodermites”.
Há fatores intrínsecos que alteram a barreira cutânea, como dermatites em geral, principalmente a dermatite atópica, e outras doenças. “O processo natural de envelhecimento causa o enfraquecimento desta barreira, devido ao afinamento da pele e diminuição das células de defesa”, conclui a Dra. Manuela.
Sinais de atenção
Não é difícil notar que a barreira cutânea está danificada. A Dra. Ana Carolina conta que a sensibilidade e o ressecamento da pele são sinais de atenção. “Quando a barreira de proteção é afetada, surgem sintomas de irritação, como eritema, descamação, pele seca e sensível”, aponta.
“A recuperação depende de diversos fatores, como a causa da quebra da barreira (se é modificável ou não), diagnóstico precoce, tratamento assertivo e com boa aderência por parte do paciente. Antes de usar qualquer medicamento tópico, o ideal é procurar por atendimento especializado”, alerta.
Dicas para preservar a barreira protetora da pele
Para manter a barreira íntegra e a saúde da pele em dia, é preciso ter uma rotina de cuidados equilibrada. Anote as dicas valiosas da dermatologista Ana Carolina:
- Na hora do banho, não use água muito quente. “O ideal é que o banho seja rápido e morno (27-30°C). Limpadores em gel podem ser usados diariamente”;
- Opte por produtos de limpeza suaves com substâncias nutritivas e hidratantes;
- Hidrate a pele todos os dias, principalmente nos primeiros três minutos após lavá-la. “Hidratantes que recomponham os lipídeos e que mantenham a umidade da pele são os mais indicados. Podem ser compostos por ceramidas, ureia, manteigas, óleos, calmantes, entre outros ativos. Não esqueça também de uma boa ingestão hídrica diária”;
- Proteja a sua pele. “O filtro solar deve ser aplicado diariamente, inclusive nos dias nublados. A exposição ao sol contínua e sem proteção é uma das principais causas do enfraquecimento da barreira cutânea e do envelhecimento precoce”;
- Ácidos são amigos! “Os ácidos estimulam a renovação celular e são capazes de induzir a síntese de substâncias importantes, como colágeno e ceramidas. Os ácidos glicólico e lático podem ajudar em alguns casos de pele com quebra de barreira nas áreas com ceratose. Todos os produtos dermatológicos devem ser orientados em consulta com dermatologista”.
Gostou das dicas? Compartilhe com seus amigos e familiares! E, não esqueça: para manter a barreira íntegra e a pele sempre bonita, siga as orientações de um(a) dermatologista. Ter uma rotina de acompanhamento faz toda a diferença.
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