Conheça o transtorno de escoriação (skin picking)

Conheça o transtorno de escoriação (skin picking)

atualizado em publicado em 15 de junho de 2020 4 comentários CIÊNCIA
Tempo de leitura: 3 minutos

Cutucar a pele pode não ser apenas uma mania – sobretudo em períodos de grande stress, como a quarentena do coronavírus. Você já ouviu falar do transtorno de escoriação ou skin picking? É importante conhecer essa condição e ficar atento.

Que transtorno é esse?

“O transtorno de escoriação (skin picking) (TE), também conhecido por escoriação neurótica (neurotic excoriation), escoriação patológica, dermatotilexomania, acne escoriada (acne excoriée), ou escoriação psicogênica, é caracterizado pelo comportamento de arranhar, cutucar, cortar, escavar, realizar punção ou beliscar a pele normal ou com mínima irregularidade”, explicam as psicólogas e pesquisadoras Izabel Nilsa Brocco Coginotti e Aline Henriques Reis no artigo Transtorno de escoriação (Skin Picking): revisão de literatura, publicado pela Revista Brasileira de Terapias Cognitivas.

A pesquisa menciona que o diagnóstico do transtorno demanda a observação desses hábitos para entender se há frequência. “O beliscar recorrente da própria pele, segundo os critérios descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da American Psychiatric Association (APA, 2014) é a característica essencial no diagnóstico deste transtorno.”

Geralmente são focos das escoriações, além da pele saudável, pequenas irregularidades e lesões preexistentes. Por exemplo: espinhas, calosidades, cascas de machucados, cicatrizes e mordidas de insetos. “As partes do corpo mais comumente escoriadas são as de fácil acesso, principalmente o rosto, braços e mãos, mas podem ocorrer em qualquer outra região”, apontam as profissionais.

Causa

Mas, afinal, qual é a causa? “O ato de escoriar a pele acontece em resposta a um sentimento de tensão aumentada ou associada às tentativas de resistir a este sentimento”, esclarecem as autoras. Elas ainda mencionam que alguns autores incluem o transtorno dentro do espectro obsessivo compulsivo.

“Dentre as particularidades do transtorno, encontra-se o fato de que o ato de beliscar normalmente não acontece na presença de outras pessoas, ou apenas na presença de familiares. Pode envolver uma série de comportamentos ou rituais direcionados a um tipo específico de crosta ou irregularidade. Para alguns indivíduos o comportamento ocorre de forma mais focada (quando busca o alívio da tensão). Para outros, de forma automática (não é perceptível a tensão precedente). Ou ainda, pode ocorrer de forma mista. Os sentimentos relatados como desencadeantes relacionam-se ao tédio ou ansiedade e a uma tensão crescente que antecede o comportamento de beliscar ou de resistir a este impulso. São também relatadas lesões desencadeadas por uma sensação corporal desagradável, mas, na maior parte dos casos não é relatada dor em decorrência da escoriação”, pontua a publicação.

Pessoas de diferentes idades podem apresentar transtorno de escoriação. É comum que ele comece a ser observado na adolescência, vinculado à ocorrência da acne. No entanto, o curso costuma ser patológico. “Quando não tratado pode ser direcionado a partes alternadas do corpo e apresentar remissões e exacerbações durante a vida.”

Danos

Os danos são muitos. Além de lesar a própria pele, o paciente pode ter sensação de perda de controle, constrangimento e embaraço que pode desencadear significativo sofrimento. O transtorno pode também afetar a vida social do indivíduo, causando uma sensação de vergonha, tristeza e ansiedade.

Tratamento

A grande questão é que, de acordo com as autoras, o tema é pouco explorado pela comunidade científica. Muita gente não sabe que sofre do transtorno ou o evita.

“Indivíduos com TE raramente buscam tratamento dermatológico ou psiquiátrico para resolverem sua condição. Esta evitação da busca de tratamento deve-se ao constrangimento social, ou à crença de que sua condição não é tratável ou é apenas um mau hábito”, observam.

Caso você se identifique com a descrição do transtorno, é essencial buscar ajuda médica, especialmente de dermatologistas e psicoterapeutas. Há, sim, tratamento. Inclusive medicamentoso.

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Jess Carvalho

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4 Comentários

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Giane Silveira 23/01/2023

Eu sofro de TE há mais de 10 anos, não imaginava que existia um estudo ou uma área de estudo para isso. Preciso muito de ajuda, estou acabando com minhas pernas, braços e pescoço.
Poderiam me indicar um bom especialista por favor?

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Carolinne Moraes 01/02/2023

Oi, Giane! 🥰
Recomendamos buscar um profissional de sua confiança para te ajudar. Não fazemos esse tipo de indicação por aqui. Desejamos melhoras!

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Jade 01/02/2023

Sofro com TE e o tratamento com psiquiatra tem me ajudado muuuuuito!!!

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Carolinne Moraes 03/02/2023

Oi, Jade!
Contar com acompanhamento psicológico é imprescindível no tratamento do transtorno de escoriação. Ficamos felizes que esteja te ajudando. 🥰

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